quinta-feira, 26 de maio de 2011

Ler e escrever na cultura digital

Em “Ler e escrever na cultura digital”, Andrea Cecília Ramal (2000) destaca que nas culturas que não conheciam a escrita, a transmissão da história se dava através das narrativas orais: o narrador relatava as experiências passadas a ouvintes que participavam do mesmo contexto comunicacional. O mito funcionava como estratégia para garantir a preservação de crenças e valores. No entanto, a escrita inaugurou uma segunda etapa na história humana. Com ela, mudaram as relações entre o indivíduo e a memória social. O sujeito pôde projetar sua visão de mundo, sua cultura, seus sentimentos e vivência, no papel.

A escrita relativiza o papel da memória e funciona no sentido de linearidade. A memória de uma cultura já não cabe apenas no conto: ela é constituída de documentos, vestígios, registros históricos, datas e arquivos. A escrita dá impulso às estruturas normativas e desempenha um papel fundamental na constituição do discurso científico. O conhecimento escolar da cultura letrada se estruturou como as páginas de um livro: linear, encadeado e segmentado.

Ramal (2000) disse que a cultura escrita raramente chega sem violência, inclusive porque, devido ao pretígio que os sistemas alfabetizados adquiriram, acaba se designando a cultura oral como inferior. T. Astle escreveu em 1874 que “a mais nobre aquisição da humanidade é a fala, e a arte mais sutil é a escrita; a primeira distingue eminentemente o homem da criatura bruta, e a segunda, dos selvagens sem civilização” (apud Olson, 1997).

A escola costuma limitar a possibilidade de penetrar na experiência do outro, com seus currículos rígidos, fundamentados sobre uma concepção racionalista e linear. A escola tem muito mais de monologismo do que de polifonia. Segundo o lingüista russo Mikhail Bakhtin, uma escola monológica é aquela em que o único sentido sobressai, impedindo os demais de virem à tona. A polifonia é um jogo dramático de vozes “que torna multidimensional a representação e que, sem buscar uma síntese de conjunto, cria uma tensão dialética que configura a arquitetura própria de todo o discurso.

A cibercultura

Enquanto na era da escrita o mote é construir o futuro, hoje vale é o que ocorre neste momento.

Hipertexto

Algo que vai além do texto. Existem vários links que permitem tecer o caminho para outras janelas, conectando algumas expressões com novos textos, longe da linearidade da página. Cada uma das páginas da rede é construída por vários autores, designers, projetistas gráficos, programadores, autores de conteúdo do texto. Cada percurso textual é tecido de maneira original e única pelo leitor cibernético. Com o hipertexto, não existe um único autor e sim um sujeito coletivo, uma reunião e interação.

Hipertexto como subversão da escola linear

  • O hipertexto é um diálogo para diferentes vozes;
  • O hipertexto é versão da polifonia;
  • O hipertexto é subversivo com relação à linearidade;
  • O hipertexto é subversivo com relação à forma. Ele amplia os recursos expressivos do texto escrito na possibilidade de articular imagens, palavras e sons.
O conhecimento do modo como as pessoas interagem on line merece ser mais pesquisado e trabalhado na sala de aula, visto que a posse desse conhecimento possibilitará uma melhor compreensão entre homens e relacionamento ente eles. Professores e alunos precisam conhecer melhor as novas tecnologias para aproveitar os benefícios e facilitar ainda mais o ensino. A educação mediada pelo computador pode preencher as condições para aprendizagem e sua informatização é um meio de ampliar as funções do professor, que na era digital não é mais um organizador linear de atividades e sim um companheiro do aluno nas escolhas de suas fontes de leitura. Não basta que o educador saiba mexer com o computador, usar e-mail ou navegar pela internet, ele precisa estar comprometido com a nova proposta educacional e usar a tecnologia como motivação de seus estudantes tornando as aulas mais dinâmicas.  Com a era digital, os alunos podem lidar com a informação de uma forma mais proveitosa.

Um comentário:

  1. Adorei a ideia do blog. A do twitter. O trabalho ficou muito criativo! E vamos lançar sementes em nossos pares - alunos, vizinhos, parentes, colegas de trabalho - para que esse blog e o twitter sejam uma fonte de troca de ideias, conhecimento e informações.

    Vamos ler, porque ler instiga a curiosidade, nos faz construir nossas próprias histórias, aumenta nossa possibilidade de argumentar melhor, nos leva a lugares inimagináveis, amplia nosso leque de informações sobre o mundo que nos cerca.

    Vamos também escrever! Enviem as apreciações críticas para o e-mail do blog. Elas serão publicadas aqui e poderão ajudar muitas pessoas a entender melhor o que se passa na Era digital em termos de leitura, escrita e aprendizado.

    ;)

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